FOI
GOVERNANDE DE MOSSORÓ POR TRÊS VEZES
1ªVEZ
- 1861 A 1864
Miguel Archanjo
Guilherme de Melo - o tenente Miguelinho, conforme era tratado,
graças a sua
pequena estatura, à época abastado e conceituado proprietário, foi o
eleito parapresidente da Câmara Municipal, durante este período.
O ano de 1861 foi
de inverno copioso. O de 1862, tam-bém; apenas, desde
o seu início até o
meado do ano, a população ainda sofria as conseqüências
da cólera que
continuava a fazer algumas vítimas. O ano de 1863
foi também
de bom inverno e o de 1864 de inverno regular. Foi, assim, uma
época mais ou menos
bonançosa, sem a presença incômoda
das secas calamitosas. Dois fatos marcantes aconteceram na sua gestão,
duran-
te este quatriênio: a criação da Comarca de Mossoró, pelalei 499,
de 23 de maio de
1861 e a visita do presidente da província, conselheiro Leão Veloso.
3° CAMARA MUNICIPAL
A Câmara
Municipal funcionou da seguinte maneira: Presidente: Miguel Archanjo
Guilherme de Melo, Vice: Silverio Ci-ríaco de Souza, Vereadores: Francisco
Bertoldo das Virgens, Manoel Soares do Couto, Francisco Gomes da Mota,
ManoelAmâncio Rebouças e Pedro José da Silveira.Suplentes: Antônio Leocádio de
Souza, Domingos Francisco do Vale, Padre João Urbano de Oliveira, Joaquim
Nogueira da Costa, Jeremias Gomes Galvão Guará, JoaquimBatista da Cunha, José
Monteiro de Sá, Manoel Duarte Ferreira, Alexandre Bernardino de Souza, Agostinho
Lopes de Lima, Irineu Soter Caio Wanderley, José Alves de
Oliveira, Francisco Filgueira de Melo, Raimundo de Souza
Machado, Antônio Chaves de Oliveira, Simão Balbino Guilherme de
Mello, Manoel Justiniano Guilherme de Melo, João Lopes Bastos, João
Lopes de Oliveira, Florêncio de Medeiros Cortes, José Pereira da Costa,
José Pedro da Silveira e Manoel João da Costa.
MIGUEL
ARCHANJO GUILHERME DE MELO
2ª VEZ - 1865 A
1868
Para este outro
quatriênio, foi reeleito o tenente-coronel
MIGUEL ARCHANJO
GUILHERME DE MELO. Ao contrário do que se verificou na gestão anterior, nesta
encontraria ele serias dificuldades, em virtude da crise financeira que
avassalou o país, ocasionada pela deflagração da guerra do Paraguai.
Não obstante, houve
progresso no município, principalmente no setor comercial quando instalaram-se
a CASA GRAF e outras firmas não menos importantes. Com elas, o movimento de
exportação e importação começava a sua expansão. O poder público também, além
de outras iniciativas, cuidava da organização da divisão municipal criando
quartei
rões, O ano de 1865
foi escasso. O de 1866, de bom inverno, com chuvas fora do normal no mês de
junho. O de 1867 foi escasso e o inverno terminou praticamente em maio e o ano
seguinte (1868) foi
quase seco; no mês de julho "já havia carestia em tudo, fome e crise
monetária total" - conformeasseguram as fontes consultadas.
4° CAMARA MUNICIPAL
A Câmara Municipal
funcionou assim constituida: Miguel
Archanjo Guilherme
de Melo, presidente; Joaquim Nogueira da
Costa, vice; Vereadores:
Jeremias Gomes Galvão Guará, Raimundo de Souza Machado, Domingos Francisco do
Vale, Joaquim Batista de Souza e Joaquim Batista da Cunha. Suplentes:
Manoel Amâncio Rebouças, José Pereira da Costa, José Alves de Oliveira, José
Inácio de Assunção, Francisco de Assis Nogueira, Francisco Gomes da Mota,
Manuel Duarte Ferreira, Antônio Chaves de Oliveira, Alexandre Belarmino de
Souza, Alexandre de Souza Nogueira, Joaquim Gomes da Mota e Reinaldo Francisco
da Costa.
MIGUEL ARCANJO G.
DE MELO
3ª VEZ - 1873 A
1876
O tenente-coronel
Miguel Archanjo volta, pela terceira vez, ao comando administrativo de sua
terra. O periodo, com início no ano de 1873, contou com um bom inverno. O ano
seguinte foi de inverno regular. Em 1875, o inverno "foi notável pelas suas
grandes enchentes, com inun-
dações em
Mossoró", e o de 1876 foi escasso e de muita fome. Era o prenúncio da
grande e catastrófica seca dos "dois sete". Em 1873, Mossoró contava
com 7.748 habitantes. Destes,
3.966 eram homens e
os 3.782 restantes eram do sexo feminino. Duzentos e sessenta e sete eram
escravos, 6.299 eram analfabetos e 18 eram estrangeiros. No ano de 1876, o
muni-
cípio tinha uma
renda de 922$ e um colégio eleitoral de "vinte eleitores de
paróquia."
No ano de 1873, a
24 de junho, fundou-se a Loja Maçônica pioneira da terra, com o nome da mesma
data . E a 26 de julho do ano seguinte já recebia ordens do Grande Oriente
do Brasil para que,
de acordo com o "Decreto no 24, não permitisse o ingresso na instituição
de individuos que fizes- sem profissão do comércio de escravos". O período
fora de agitação popular. De fins de 1874 a meados de 1875 - afirma Cascudo,
"houve na provincia motins de protestos contra a adoção do sistema
decimal", a chamada revolta do Quebra Quilo. No ano de 1874, no mês de
outubro, a cidade foi surpreendida com a chegada inesperada de Almino Afonso e
seus irmãos Minervino e Deocleciano, além de "um grupo de homens bem
armados e municiados", vindo do centro da Paraíba, a fim de se livrarem de
Jesuino Brilhante, que os quis matar." Outro movimento surgido na
mesma época e que a crônica registra com cores mais vivas foi o da revolta com
a nova lei do recrutamento militar que determinou sedições locais em
Canguaretama, S. José de Mipibu, Mossoró, Goianinha, Papari. "Homens e mulheres
invadiam as Igrejas onde se procedia ao trabalho de alistamento, rasgando os
livros e agredindo os funcionários", conforme nos ensina Cascudo,
concluindo: "Em Mossoró, chamam a essa intentona o motim das mulheres por
ter sido dirigido por Ana Floriano, comandando trezentas mulheres decididas,
arrancando e despedaçando as listas."
6 ° CÂMARA
MUNICIPAL
A Câmara desse
período funcionou da seguinte maneira: Miguel Archanjo Guilherme de
Melo, presidente; Primênio Duarte Ribeiro, José Alexandre Freire de Carvalho,
Antônio Borborema Bezerra, Joaquim da Costa Mendes, Silvério Ciríaco de Souza,
Francisco da Rocha Freire, Gonçalo Soares de Freitas e João Martins da
Silveira. Suplentes: José Alves de Oliveira, Alexandre Soares
do Couto, Manoel Nunes de Medeiros, Domingos Francisco do Vale, Francisco
Antônio de Carvalho, Faustino Filgueira de Melo, Joaquim Zeferino de Holanda
Cavalcanti, Antônio Pompílio de Albuquerque, Miguel Januário de Lima, João
Gamelo
de Oliveira Júnior,
Francisco Caetano Pereira e Francisco Bernardo de Oliveira.
Fonte: "Legislativo e
Executivo de Mossoró,
Numa Viagem
Mais de Centenária"
Raimundo Soares de
Brito (Raibrito)
Conhecendo um Pouco
do MIGUEL ARCHANJO GUILHERME DE MELO
O Miguelinho, assim
tratado em virtude da pequena estatura, também pertencia ao clã dos Guilherme
de Melo, e era primo de Simão Balbino. Foi tenente-coronel da Guarda
Nacional, proprietário, agricultor e criador em Upanema e Mossoró, com fazendas
de gado. A exemplo do primo Simão Balbino, também era
político prestigioso, militando no partido conservador ao lado do vigário
Antônio Joaquim.
Nasceu em 1805 ,no
sítio Camurupim e residiu por muitos anos na fazenda Chafariz, de sua
propriedade. Mais tarde, retornou à fazenda onde nascera, onde já velho
separou-se de sua muIher legítima Joana Lopes de Jesus, vindo residir na
então vila de Mossoró, onde passou a viver maritalmente com Leandra Maria,
com quem veio a contrair matrimônio no ano de
1886, após o falecimento de Joana, sua primeira esposa. Foi no passado
"o mossoroense que exerceu maior domínio na administração" de Mossoró
afirma Lauro da Escossia. Por três vezes esteve dirigindo os destinos
administrativos de sua terra como presidente da Câmara.
"Cheio de amizades, grande proprietário, figura tradicional da política
conservadora" - no conceito de Cascudo entretanto, pelas vicissitudes
do tempo e a separação da família, veio a falecer pobre no ano de 1883 numa
pequenacasinha onde mais tarde Delfino Freire construiria o seu belo chalé
e que hoje é a sede Camara Municipal de Mossoró.
Fonte: "Legislativo e
Executivo de Mossoró,
Numa Viagem
Mais de Centenária"
Raimundo Soares de
Brito (Raibrito)
Fonte - Leonam Medeiros